Por conta de toda comoção com o
drama enfrentado pela Chapecoense, muitas ofertas de ajuda estão chegando pelas
portas da Arena Condá. A grande questão parece ser aceitar o que é necessário
ao clube e saber refutar o que não lhe acrescentará nada a longo prazo. Sim,
porque a Chapecoense precisa de um planejamento a longo prazo, não de uma
caridade que se evapora tão logo os olhares da mídia se distanciem.
Os atacantes Ronaldinho e
Gudjohnsen (Ex-Barcelona, Ex-Chelsea e Pune City), respectivamente, por meio de
empresário ou de forma pessoal, ofereceram seus préstimos ao time de Chapecó. Ainda
que no campo da boataria, outro nome surgido é o do argentino Román Riquelme,
que também teria se mostrado disposto a interromper sua aposentadoria e atuar
em Santa Catarina. Apesar do gesto de aparente boa vontade, o que se pode notar
é que os três jogadores, com idade muito superior a trinta e em franca
decadência (ou hibernação), nada acrescentariam em termos de reconstrução.
Atualmente
sem clube, o treinador Levir Culpi ofereceu trabalho voluntário até o fim do
Campeonato Catarinense. Embora a proposta seja muito generosa, a atuação pelo
período de 180 dias não ajudaria na reconstrução de um padrão tático e a colocação
nos trilhos de um time que saltará do papel nas próximas semanas. O mínimo de
contrato que se poderia aceitar de um técnico, para que realmente uma missão
seja deflagrada, é o espaço de um ano.
Ivan
Tozzi, o presidente em exercício do clube, é rápido em afirmar que busca profissionais
que tenham comprometimento com as cores do time. Faz isso de maneira grata, mas
de forma que fica claro o objetivo de retrabalhar com dignidade, sem a
necessidade de um marketing exagerado para levantar um castelo de cartas ou de
areia que cairá ao dissabor dos primeiros ventos ou dos ataques das ondas
vindouras.
Lembrando
que a Chapecoense, quando iniciou sua projeção na elite do futebol brasileiro, era
um clube com investimento modesto. Em 2014, sua folha salarial batia na casa de
R$ 1, 3 milhão e um teto salarial de R$ 70 mil. Ainda ressaltando que Conca e
Fred, jogadores do Fluminense na mesma época, embolsavam cerca de R$ 1 milhão
cada um. E isso não mudou muito durante o período que antecedeu a fatalidade
com o elenco do clube. Em 2016, a média salarial era de R$ 30 mil. Contrariando
a filosofia dos sheiks árabes ou dos russos obscuros, esse valor formou um
grupo coeso e disposto a fazer história com suor e com gana.
Uma solução lógica é aceitar a
entrada das doações (jogos beneficentes, o leilão capitaneado por Felipe Melo
na Internazionale, doações avulsas de jogadores e ex-jogadores, etc) e pinçar
jogadores jovens que não venham sendo aproveitados nos times de grande porte da
série A. Atlético-MG e Corinthians foram clubes que ofereceram suporte por meio
de seu plantel, e ainda há rumores de outros que fizeram o mesmo tipo de
oferecimento. E assim haveria material humano para moldar um time com o mesmo
tipo de pensamento que norteou a caminhada da Chapecoense nesses últimos três
anos.