sexta-feira, 1 de abril de 2016

A VOZ DA EXPERIENCIA

Dona Icleia, 70 anos. Mãe, cozinheira, dona de casa, esposa, torcedora do tradicional América. De fato, nunca foi ligada ao futebol, não entende de tática, de posição e nem sabe o nome dos jogadores, mas me surpreendeu com uma frase: “Como esse Neymar é encrenqueiro”. No inicio não dei bola, falei para ela desencanar.

Neste meio tempo observei o comportamento do jovem capitão da CBF e concordei com minha mãe: começa a ser questionado seu comportamento como capitão ao  “abandonar” o grupo na véspera de um jogo importante. Este tipo de atitude não é a que se espera de um capitão. Mas o que esperar de uma geração que em regra não aceita ser cobrada e assumir responsabilidades?

Thiago Silva, antigo dono do posto, não tinha (e acredito que ainda não tenha) estrutura emocional para comandar o time em campo. Nos momentos mais complicados sentiu o peso da responsabilidade e literalmente “amarelou”. Se tivesse jogado no fatídico 7x1 era provável que teria tentado cortar os pulsos ou algo do tipo. Não aceitou perder a braçadeira e acabou barrado.

Cafu e Dunga foram bem na função. Discretos, “raçudos”, de diálogo aberto com os companheiros de equipe, tiveram suas vidas facilitadas por terem jogado com profissionais mais focados e “rodados”, com maior poder de decisão. Dunga foi campeão em 1994. Cafu em 2002. Deram conta do recado.
O capitão não precisa ser o craque do time. Não precisa ser habilidoso, bonito, bonzinho. E nem ser imposto.

Tem de saber liderar, ser a voz do técnico em campo. Jogador de seleção tem de “vestir a camisa”, abraçar a causa, do contrário, que não jogue.
Experiência enxerga longe e ouvi-la é sempre bom. Dona Icleia não entende de futebol, mas uma coisa ela tem de sobra: experiência!




Nenhum comentário:

Postar um comentário