quarta-feira, 30 de março de 2016

Festa com vela de sete dias


O empate por dois gols entre Brasil e Paraguai serve mais para ocultar fatos do que levá-los à luz de uma discussão mais profunda. A igualdade suada no fim do segundo tempo leva a pensar em garra, superação e que estamos no caminho para um bom trabalho. Não há nem esboço de um bom trabalho. O desenho tático da seleção brasileira mais parece um armário de adolescentes.
O ponto conquistado no Paraguai deu sobrevida a Dunga, que já se via ameaçado no cargo de distribuidor de coletes de titulares e reservas. 
O primeiro tempo de jogo virou com o 1 a 0 a favor do mandante. E poderia ter sido 2, 3, 4, tal era a facilidade para chegar na área do Brasil e bombardear o goleiro Alisson. Os flancos do campo viraram área de passeio para os atacantes paraguaios. O lance do gol mostra Lezcano totalmente livre e com tempo até para fazer pensamentos filosóficos intrincados caso desejasse. 
Com o início da etapa derradeira, veio o segundo gol em uma troca de passes entre Ortiz, Santa Cruz e Benítez, que expôs ainda mais as falhas de posicionamento e ineficiência no combate defensivo brasileiro.
Pela primeira vez na história das eliminatórias, o Brasil é avistado em uma posição tão pífia na classificação. Estamos em sexto lugar nesse momento. E foi curioso ver que tinha gente comemorando o fato de que, ao evitar a derrota, não desceríamos ao sétimo lugar. Talvez a derrota e a pressão da opinião ensinassem mais a Dunga e à CBF.  
O resgate da seleção brasileira passaria por um trabalho de reconstrução do futebol a longo prazo. E isso envolve novos nomes no comando da seleção e no campo de jogo. O modelo desse tipo de reengenharia é a seleção alemã de Klinsmann, em 2004, que se fez uma autocrítica e retrabalhou desde as categorias de base. Os frutos foram visíveis na Copa do Mundo de 2014. Não adianta demitir Dunga e vir, por exemplo somente ilustrativo, com um Carlos Alberto Parreira requentado. É hora de transição para o novo.

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