"O Fla-Flu surgiu quarenta minutos antes do nada"
Nelson Rodrigues
É desnecessário começar
com o chavão de que clássico é clássico. Todo mundo sabe que em um encontro de
grandes não há vencedor de véspera. Apesar de o Flamengo ter vencido o primeiro
jogo com domínio, a vantagem não era larga e nem o adversário parecia fora de
condições para revertê-la. E o público esperava avidamente pela reedição do bom
espetáculo da final da Taça Guanabara, uma vez que o primeiro jogo dessa
decisão nem passou perto da partida que encheu os olhos dos espectadores.
Sem Gustavo Scarpa, o
dono do meio-campo tricolor, o Fluminense perdeu o recurso das jogadas que desmontam
defesas. E aí vocês podem perguntar: e o Diego? O Flamengo atual tem mais
recursos no elenco para superar a perda. Como aconteceu na final da Taça
Guanabara, Abel Braga tratou de armar seu time para jogar em velocidade e
sufocar o rubro-negro. Era a velocidade sem a engenhosidade. Em um dia bom, a velocidade
seria suficiente para superar a lentidão da defesa do Flamengo. No entanto,
dois fatores foram determinantes para quebrar a estratégia do treinador das
Laranjeiras: Wellington Silva – que poderia ter matado o jogo em duas ocasiões –
esteve muito aquém do que pode render e a excelência da defesa do Flamengo por
baixo (o mesmo não se pode dizer nas jogadas aéreas).
E o gol aos três minutos
de jogo deu ao Fluminense a ilusão de que poderia esperar o Flamengo e se
limitar aos contragolpes. Contragolpes que não se concretizaram em gol por
conta do erro de Wellington Silva no último passe ou na condução excessiva da
bola. Com nove minutos de jogo, o Flamengo já tinha tomado o meio de campo e
tentava penetrar de várias maneiras na defesa tricolor. O time da Gávea passou
a não deixar o Fluminense respirar em campo. Os setenta por cento de posse de
bola na primeira etapa são bem contundentes para embasar essa colocação. Por
outro lado, os flamenguistas correram o risco de perder para a própria
extenuação. Equipe nenhuma aguenta correr os noventa minutos no mesmo ritmo.
Méritos para a onipresença
e versatilidade de Márcio Araújo, a voluntariedade de Willian Arão e a
disposição de Renê. É importante abrir uma pausa para elogiar a sequência de
jogo de Marcio Araújo. O volante, antes espinafrado por público e crítica,
cresceu mais ainda na arte do desarme e agora ainda surge com inversões e
passes limpos. Para completar o cardápio, ele quase foi o responsável pelo equilíbrio
no jogo da virada rubro-negra. A coroa foi parar na cabeça errada ao término do
jogo. É um personagem de atuação irrepreensível dentro da jornada do 34º título
do Flamengo. Com o que está jogando, ele não pode jamais esquentar banco para
qualquer outro atleta do elenco.
O segundo tempo tornou a
apresentar mais chances para Guerrero e Cia. O rubro-negro se fez digno do
empate e de uma possível virada, que veio através de Guerrero e Rodinei.
De forma mais do que
justa, os tricolores alegam falta no lance do primeiro gol. Rever realmente
cometeu a infração em Henrique. E só resta lamentar pela falta da tecnologia na
análise de lances capitais. A falha da arbitragem não diminui a conquista do
Flamengo, que foi superior na totalidade da partida. O Fluminense pagou o preço
por apostar em um estilo de jogo. Se essa partida fosse decidida por jurados de
boxe, o Flamengo teria uma vitória unânime por pontos, porque seu adversário
insistiu em lutar contra as cordas e por um golpe que lhe desse o nocaute.
Excelente análise.
ResponderExcluirLamento o erro juiz que influenciou diretamente no resultado do jogo. Apesar de todos os méritos do Flamengo por tudo que fez durante o campeonato todo (maior número de pontos, melhor ataque, invicto) isso tudo deu a ele a possibilidade de entrar no quadrangular final. Se o título fosse por pontos corridos,ok,a taça seria deles, mas não, de fato e de direito os dois times foram às finais com o mesmo peso: a decisão em 180 minutos. E o Flu foi prejuficado.
Isso é apenas um comentário sem chororô porque,com meus 65 anos já cansei de ver o meu Flu também ser favorecido pela arbitragem.
Vamos ver se,com a entrada da tecnologia,esses fatos acabem de vez (ou diminuam bastante) para que os resultados dos jogos sejam justos.
Obrigado pela leitura, Big Nelson! Os erros recentes só confirmam a necessidade de entrada da tecnologia no futebol. Quanto ao lance de ontem, foi falta clara. Uma pena não ter sido assimilada. Apesar disso tudo, o Flamengo foi mais time nos dois jogos. Merece o título.
ExcluirAndré, você merece uma chance nos jornais, está sempre acima da análise rasteira que lemos por aí. Fraterno abraço.
ResponderExcluirMarcão, meu amigo, eu ficaria muito feliz se tivesse algo do tipo. Por ora, eu sigo apurando a visão e a escrita. Muito obrigado por ler.
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