quarta-feira, 31 de maio de 2017
O Internacional e a Lei do Retorno
Lembro das antigas partidas de bola de gude ou de futebol de botão. Quando alguém saía derrotado, o abatido logo pedia a revanche. Era uma maneira de dizer que a derrota tinha sido um acidente de percurso. Dependendo da ocasião, ainda podia surgir uma nega, a terceira edição do combate. Tudo para tirar a teima e não deixar dúvidas com relação à superioridade dos jogadores.
O futebol não funciona exatamente dessa maneira. Se um time foi abatido por outro, o alvejado não terá a chance de uma revanche imediata. Pode ser que a tabela seja generosa e forneça tal proeza, mas, em grande parte das vezes, o sete a um de hoje jamais apagará um possível sete a um daqui a algum tempo. O rio já não faz correr a mesma água.
O Internacional de Porto Alegre, time tradicionalíssimo e de grandes conquistas, teve 38 chances para mudar o rumo de sua história no Brasileirão da Série A. Não mudou. E lamentar a queda do Colorado é renegar o passado de muitos títulos e futebol vistoso, impecável. Talvez apenas os dirigentes do Inter, preocupados com o legado de carregar um descenso no currículo, tenham discordado. E foi do desespero que nasceu a discordância.
Os dirigentes do Colorado quiseram disputar a 39a rodada do Campeonato, aquela que se disputa em salas com ar e regidas por senhores que pensam que enxergam Deus na altura dos olhos. Os executivos gaúchos foram buscar uma tábua de salvação que atendeu pelo nome de Victor Ramos, um zagueiro que jogou o torneio pelo Vitória. A alegação é que o empréstimo - o atleta havia atuado anteriormente pelo Palmeiras e pertencia ao Monterrey-MEX - não havia sido firmado corretamente pelo time baiano. Sendo assim, o Vitória perderia os pontos e cederia o lugar ao Inter. Segundo os cartolas do Sul, tudo embasado por uma documentação sólida. Os homens dos tribunais não engoliram muito essa história e deixaram o Internacional para ser narrado pelo Silvio Luiz na Rede TV!
Após três rodadas da Série B, com o Internacional fazendo o mesmo papel pífio na divisão inferior, chegou a notícia de que representantes do time do sul, teriam utilizado documentos fraudados para provar sua tese no Caso Victor Ramos. Com essa séria comprovação, a justiça deveria aplicar ao clube uma punição de anos sem competições oficiais e uma multa polpuda para que aprendam a deixar a gerência do futebol nas mãos de pessoas mais responsáveis. O STJD já pediu a exclusão dos gaúchos na disputa da série B. No entanto, quando se trata de CBF e afiliados, sabemos que não há nada que não se resolva com o espocar de um bom champanhe. E a torcida é que obrigada a sangrar mais rubro que a sagrada camisa que outrora vestiu Falcão, Galvão, Carpeggiani, Taffarel, Manga e tantos outros vultos do Internacional.
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