sábado, 19 de março de 2016

“Kléber Andrade, um estádio carioca por necessidade (de lucro?)”



O grande chamariz de Boavista x Vasco não é a escalação de nenhum dos dois times. Não é o excelente trabalho do técnico Jorginho. Muito menos as ausências confirmadas de Riascos e Eder Luis. Também não se trata da boa campanha de ambos até o momento. O que mais chama atenção para o confronto é a realização dele fora das fronteiras do Rio de Janeiro, coisa até então inadmissível, por conta de algumas convicções do presidente vascaíno Eurico Miranda, para um jogo do time de São Januário no Campeonato Carioca.
O jogo terá sua realização no Estádio Kléber Andrade, na cidade de Cariacica (ES). A explicação para tal situação é a inoperância de importantes estádios cariocas, tais como o Maracanã e o Engenhão, ambos fechados para reformas que os adequarão para receber jogos da Rio 2016.
No entanto, quando vemos o atual interesse do público pelo combalido torneio estadual, mesmo em estádios de pequeno porte como Los Larios (Xerém) ou o Moacyrzão (Macaé), percebemos que o desvio de rota pode ter sido produzido na tentativa de gerar mais receitas para os clubes e para a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), que continua levando sua generosa fatia do bolo lucrativo. Flamengo e Fluminense já provaram por A + B que conseguem lotar estádios do Brasil afora com as forças de suas marcas. Chegou a vez de o Vasco exibir a mesma capacidade.
Os números já apontam para um sucesso de público. Desde que os ingressos foram liberados, no último sábado, o público já responde com a aquisição de cerca de quinze mil ingressos de um total de dezoito mil. A média do Vasco no torneio vigente tem sido de 6657 pagantes, um público bem aquém da envergadura vascaína. Para ficar em um exemplo, na primeira rodada da Taça Guanabara, torneio dito por muitos como o verdadeiro início do campeonato, o Vasco enfrentou o Bangu, no estádio de São Januário, sua própria casa, com um público pagante de 3943. E enfrentou o Botafogo na última rodada com 7921 almas em seus domínios. Pois bem, do ponto de vista lucrativo, o torneio ainda não começou para o Gigante da Colina. É preciso gerar receitas para fugir do prejuízo certo do Carioca e alimentar o apetite insaciável da Federação gerida pelo momentaneamente licenciado Rubens Lopes.
O torcedor capixaba é que vai pagar parte da conta dessa fome. No Espírito Santo, o ingresso mais barato sai pelo valor de R$ 100, sendo que o Vasco vem jogando no Rio de Janeiro com um ticket médio de R$ 38. E nem assim o torcedor aparece. O homem do radinho da pilha e o sujeito da laranja na boca vão deixando de ser assíduos nos campos de futebol. Com espetáculos mais convincentes e preços mais acessíveis, talvez o torcedor volte quando o campeonato começar de verdade. O problema é que ele vem ameaçando se iniciar desde o fim da década de 1990. E só se inicia para a Federação, para os engravatados, para os turistas e para quem não quer correr o risco de esbarrar com multidões.

2 comentários:

  1. _Por essa e outras que o nosso futebol está decadente. Os estaduais há muito não acrescentam nada, pelo contrário, incham ainda mais o nosso calendário ultrapassado. E parece não haver ninguém nesse país capaz de enfrentar as federações, acabar com os estaduais, criar uma liga nacional e devolver a esperança a nós, sofridos torcedores!

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  2. _Por essa e outras que o nosso futebol está decadente. Os estaduais há muito não acrescentam nada, pelo contrário, incham ainda mais o nosso calendário ultrapassado. E parece não haver ninguém nesse país capaz de enfrentar as federações, acabar com os estaduais, criar uma liga nacional e devolver a esperança a nós, sofridos torcedores!

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