sexta-feira, 14 de julho de 2017

Quanto você fez no Cartola?


“Quanto você fez no Cartola?”
Em uma terça-feira ou em uma sexta-feira, antes mesmo de um bom dia, essa pode ser a primeira frase que você ouvirá em um ambiente de trabalho, na escola ou na rua. E a resposta pode resultar em risos de escárnio ou um olhar que abriga admiração e espanto. O exímio jogador de Cartola FC pode ter mais crédito na praça do que um chefe de estado brasileiro (se bem que isso não representa nada nos dias de hoje). Meninos e meninas fazem do jogo alguma coisa em que o gênero não tem a menor importância. Independente do sexo, alguns deles passam as horas que antecedem os jogos buscando a alquimia ideal para colocar seu nome no topo da tabela.
Criado e mantido pela Globo.com, o Fantasy Game surgiu no ano de 2005. Como o próprio nome já denuncia, o jogador atua como um dirigente de futebol que, baseado na realidade dos jogos do Campeonato Brasileiro, tem a função de montar a equipe com a quantia inicial de Cem Cartoletas (a moeda do Fantasy Game). O poderio financeiro pode ser ampliado conforme o jogador consegue obter êxito com as atuações dos atletas escolhidos ( Como funciona: Sistema de Pontuação ) .
Já no ano de estreia, os jogadores apostavam suas fichas em jogadores que ampliariam a sua capacidade de competir e que seriam “de confiança” pelo que se via nos gramados. Era o ano em que Petkovic (Fluminense), Romário (Vasco), Fernandão (Internacional), Alex Dias (Vasco), Róbson (Paysandu), Tevez (Corinthians) e os defensores Rogério Ceni (São Paulo), Gabriel (Fluminense) e Juan (Fluminense) faziam a festa dos competidores. Era um jogo sob medida para os amantes de futebol. Apenas eles, os viciados das quatro linhas, ganhavam um novo clubinho no quintal das disputas futebolísticas.
De uns anos para cá, o Cartola deixou de ser um jogo para os entendidos em futebol. Há um fanatismo que se infiltra até entre pessoas que desconhecem a dinâmica do esporte bretão. E trouxe uma curiosidade com essa popularidade: mais vale pontuar no joguinho do que torcer para seu próprio time de coração se dar bem na rodada. Se o clube pelo qual você torce não vai bem das pernas, não há mal nenhum em trazer uma das peças de um arquirrival para integrar sua escalação. E esse adversário histórico pode até ganhar a torcida de alguém que o detesta se isso puder gerar uma pontuação maior. Segundo a lógica atual, pior mesmo é ser superado no jogo por algum amigo que tenha o hábito da jogatina.
Um time deixou de vencer, empatar ou perder. Pela ótica dos praticantes, o que acontece agora é que um clube fortalece ou afunda um usuário. Por exemplo, apostando em uma boa performance do Botafogo, que vinha de boas exibições, os competidores povoaram suas escalações com jogadores do alvinegro contra o Avaí. Acabou com vitória do clube de Santa Catarina, que nunca foi tão xingado por trair um pacto que nunca selou. E temos outras amostras: o jogador que tomou cartão, o que foi substituído, o que marcou gol contra ou o que foi apático em campo. São modelos de coisas que enervam o espectador moderno.  
O entretenimento ficou tão popular que até os jogadores pedem para ser escalados ou prometem ter bom desempenho nas partidas. Eles também jogam e se alfinetam com base nos dados estatísticos. A Globo e o Sportv – muito por conta de ser um produto criado pelo seu grupo – exibem os pontos dos atletas de destaque como complemento de sua transmissão. Parece que não há mais como ver uma partida de futebol sem pensar nos pontos acumulados no desenrolar de um ciclo de embates.

E uma perguntinha, amigos: que horas fecha o mercado?

Um comentário:

  1. Eu jogo, acho divertido, mas nada que me ocupe demais o juízo. Tanto é que sou um péssimo cartoleiro, por não levar muito a sério o que deve ser apenas um entretenimento dentro de um entretenimento.

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