terça-feira, 18 de julho de 2017

Um profissionalismo limitado: Camilo de saída do Botafogo

Foto: Vitor Silva /SSPress /Botafogo
A relação entre clube e jogador de futebol, no Brasil, ainda é muito frágil. Por que mesmo depois de alcançar o sucesso e o status de "ídolo" na temporada passada, Camilo abandona o projeto da Libertadores da América no Botafogo e opta por jogar a série B do Campeonato Brasileiro? A resposta pode ser mais óbvia do que se imagina. Infelizmente, no futebol brasileiro, nem jogador nem clube estão acostumados a trabalhar com o conceito de "elenco". Com a saída de Camilo, Marcus Vinícius deve se firmar como titular.

O início da temporada 2017 de Camilo foi repleto de desafios, porém superado com habilidade e muito trabalho duro. O meia sofreu com a chegada de um homem de referência com currículo mais encorpado e com peso de grande contratação. Porém a dificuldade de Montillo alcançar a plena forma física abriu espaço para que o antigo camisa 10 fosse importante na difícil tarefa de levar o clube alvinegro à fase de grupos da maior competição sul-americana e depois às oitavas de final. Sem contar a convocação para a Seleção brasileira, em amistoso solidário contra a Colômbia em prol das vítimas da tragédia com a Chapecoense, seu ex-clube.

Porém mesmo após a aposentadoria de Montillo, o meia ofensivo não conseguia repetir a boa forma do início da temporada e nem mesmo ser decisivo como na temporada passada. Para o jogador brasileiro, a falta de regularidade não é bem aceita e o banco de reservas é sempre o pior pesadelo. Não é comum o jogador brasileiro conquistar a sua condição de titular após um momento ruim. A cultura do nosso futebol faz crer que toda solução passa por uma "mudança de ares" ou a criação de um "fato novo", algo mais visível nas constantes mudanças de técnico.

Camilo tinha a confiança e a boa vontade de Jair Ventura para continuar trabalhando e retomar sua posição com seu talento e trabalho. Poderia ficar marcado por integrar um elenco que muito provavelmente irá disputar as quartas de final de uma Copa Libertadores da América e tem grandes chances de ir longe tanto no Brasileirão quanto na Copa do Brasil. Entretanto não teve paciência, algo já demonstrado na primeira vez que o técnico barrou o jogador de uma partida decisiva pela Libertadores.

Não pode-se negar que a torcida já não vinha tendo paciência com o jogador. Porém o torcedor é passional ao extremo e não pode ser cobrado por um trabalho que é da diretoria e do técnico: avaliar quem está melhor habilitado para ajudar o time. Uma pena para Camilo e para o Botafogo, que não conseguiram ter maturidade para superar o momento difícil. Agora o Botafogo contenta-se com um atacante, ainda imprevisível (Brenner foi envolvido na negociação) e contenta-se Camilo que terá a missão de jogar a série B pelo Internacional, procurando ser a referência que o time de Guto Ferreira tanto precisa e driblar as muitas dificuldades que afastam o Colorado do retorno à elite.

Surpreende essa negociação acontecer no Botafogo, tão elogiado deste a temporada passada pela eficiência e profissionalismo do departamento de futebol. Agora só o tempo dirá se a decisão foi a mais acertada para as duas partes.

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